Um estilo de vida: O Skate
Um esporte que foi muito comentado esse ano e que nos trouxe muitas alegrias: nada mais nada menos que o Skate

O skate surgiu nos anos 60, em uma época em que não estava tendo ondas no litoral da Califórnia. Então os surfistas da época começaram a fazer a suas manobras em cima de uma prancha de madeira com "rodinhas", algo que imitava um pouco o surf. Isso teve uma proporção enorme e foi se popularizando entre as pessoas, com isso começaram a fabricar os primeiros skates, que foram os Roller Derby.
E depois da febre que o skate virou, ele foi se popularizando cada vez mais, agora não era só uma brincadeira, não era mais o sidewalk surfing, agora já existiam campeonatos, revistas falando só de skate, e várias modalidades.
E uma das marcas mais famosas hoje em dia surgiu nessa época, em específico em 1966, lá na Califórnia, que é a Vans, uma marca muito renomada no nome do skate, e que tem muitas roupas, tênis e acessórios para o esporte. Além de ser muito ativa nessa atividade.
A partir dos anos 70 surgiram várias inovações no skate: as rodinhas de poliuretano, que antigamente eram usadas rodinhas de ferro ou de baquelite, elas eram muito mais lisas, e as manobras que revolucionaram o skate como o famoso ollie, frontside air.
Com toda a popularidade do skate nos anos 70, e com o grande aumento dos praticantes, começaram a surgir vários skate parks, a maioria particular. Mas elas vieram a fechar, aconteciam muitos acidentes e o dinheiro da indenização e seguro era muito alto. Com isso veio uma decrescente no mundo do skate. No final dessa década, o skate criou uma identidade de "rebelde", se ligando com o punk.
Então nos anos 80, como os skate parks fecharam, vários skatistas faziam a sua própria rampa tanto de madeira como de cimento, conhecida como a época do "faça você mesmo", os skatistas começaram a andar mais pelas ruas, fazendo manobras em corrimão, freestyle, pular escadas, paredes.
Já nos anos 90, os equipamentos mudaram, ficaram cada vez melhores dando mais suporte para o atleta fazer manobras mais ousadas e dando mais liberdade em cima do shape, mas o skate ainda tinha uma identidade de um esporte rebelde, e precisava mudar essa imagem, até que a ESPN criou o X-Games, que mudou a cara do skate e teve uma abertura maior para todas as pessoas. O X-Games fez essa ponte para as pessoas que não conheciam e que tinham uma visão diferente. Nessa época o skate apareceu em vários filmes e ficou muito popular novamente, surgiram muitas pistas e criaram WCS (World Cup of Skateboarding), que se tornou o circuito mundial de skate.
E um marco muito importante, foi o jogo de skate mais popular do mundo que é o Tony Hawk's Pro Skater, esse foi o jogo que levantou um interesse em toda a garotada do mundo e no Brasil, principalmente porque no jogo tem o brasileiro mais famoso do skate que é o Bob Burnquist, isso trouxe um interesse no jogo e um sentimento patriota, ele é o maior medalhista do X-Games com recordes que até hoje não foram batidos e foi um dos principais nomes do skate brasileiro. Com isso, vieram muitos atletas importantes como a Rayssa Leal e o Kelvin Hoefler, que foram os principais nomes do skate nas Olimpíadas.
Em 2021 o skate foi destaque nas Olimpíadas, foi o principal assunto dos jornais pois era novo e se encaixou nas olimpíadas, um esporte que era "marginalizado" e que foi visto com maus olhos por muito tempo, agora se tornou um esporte olímpico e muito comentado. Nestes dias, um esporte que traz igualdade, empatia e principalmente amizade, deixando-nos apaixonados nas olimpíadas e nos fazendo felizes com as medalhas que nós ganhamos.
Podemos ver o skate agora como um esporte de grande respeito, com o reconhecimento que teve devido as olimpíadas. O skate nas olimpíadas foi separado em duas categorias: o park e o street.
A categoria street é uma divisão do skate, que simula a cidade com escadas, corrimãos e paredes.
O park já é uma espécie de piscina gigante que possui half-pipe, corrimãos, caixotes, rampas de vert, vulcões e outros obstáculos, onde é possível sair de um e seguir para outro em um só fluxo.
Não poderia acabar sem destacar uma entrevista com um professor e um aluno da nossa escola, querendo saber de todas as dificuldades, interesses e muito mais.
A primeira entrevista foi com o tio Lu (professor Luís Gustavo).
Como você se interessou pelo sk8?
"Eu comecei a me interessar pelo SK8 quando eu era ainda uma criança, por volta dos meus 7 ou 8 anos, (por aí ...). Tudo começou na casa dos meus primos que eram mais velhos e tinham uma condição financeira bem melhor que da minha família, certo (naquela época, não muito diferente da realidade de hoje, comprar um SK8 "bom" era bem difícil, sabe, custava bem caro!). Basicamente, a primeira vez que eu subi em cima de um SK8 foi no final da década de 80 na casa dos meus primos Édson e Dudu. O quintal da casa dos primos era enorme e tinha um "paredão" que dava para andar meio que segurando para aprender a se equilibrar na "prancha com rodinhas", hehe, foi paixão à primeira vista!"
O que é o sk8 para você?
"Na verdade, o skate é uma grande família sabe, algo muito lindo que nos ensina muitas coisas boas, por exemplo: tem algum outro esporte que vocês conheçam que o seu "adversário" torce para você acertar todas as manobras e fazer uma volta perfeita? Essa magia só existe no skate gente!"
Você já anda de sk8 a quanto tempo?
"Com 12 anos eu comecei em um SK8 bem simples de criança que eu havia ganho da minha mãe de presente de Natal depois de muita insistência... Porém, comecei a andar de SK8 mais a sério a partir dos meus 14 anos, quando troquei uma bicicleta por um skate profissional, acreditem se quiserem! Se levarmos em conta que eu já estou com 40 anos, é só vocês fazerem as contas de quanto tempo eu já estou envolvido com a magia do SK8"
Como era o cenário na época em que você começou a andar?
"Quando eu comecei no skate, praticamente no início da década de 90, só para contextualizar melhor, o SK8 era meio que marginalizado pela sociedade de um modo geral, Sk8 naquela época era coisa de maloqueiro, drogado, pessoas sem rumo na vida... As Meninas não andavam naquela época (salvo na capital e nas cidades maiores que às vezes, com muito custo, saía a foto de uma mulher andando de skate na revista; Tribo, por exemplo). Graças a Deus, nesses últimos 30 anos muitos conceitos mudaram e hoje existem ainda algumas pessoas "preconceituosas de um modo geral", porém, o SKATE é visto pela maior parte da sociedade moderna com bons olhos. Hoje em dia o skate é um dos esportes que mais crescem no Brasil e no mundo, um esporte mágico que ajuda a melhorar a qualidade de vida dos praticantes tanto na parte física como também na parte psicológica. O SK8 faz bem para o corpo e para a cabeça, gente, isso já está mais que comprovado."
O sk8 mudou a sua vida?
"O SK8 melhorou a minha condição física, me ensinou a ter muito equilíbrio/coordenação motora e muitas coisas boas como a ser persistente quando você quer muito uma certa coisa, sabe? No Sk8 é assim, por exemplo; Às vezes você quer muito acertar uma tal manobra e acaba sendo persistente em tentar, tentar, tentar e tentar até que uma hora você consegue acertar a tal manobra com muito suor e muita persistência. Na vida às vezes temos que ser persistentes também, essa é uma simples analogia entre o skate e a vida."
Quais foram as suas dificuldades com o sk8?
"Uma das maiores dificuldades era conseguir dinheiro para comprar as peças como shapes, rolamentos, rodas, que sempre foram muito caras. E quando você não trabalha, no caso eu era de menor na época, só estudava, sabe? Assim como muitos de vocês jovens estudantes, então eu tinha muita dificuldade para arrumar grana para comprar essas peças, pois sempre acaba quebrando um shape e a gente tinha que se virar sabe? Fazia uns bicos de lavador de peças na oficina mecânica junto com papai, às vezes separava/guardava uns materiais recicláveis como latinha de alumínio para vender, ajudava a minha mãe a fazer algum trabalho em casa para ganhar uns trocados etc. A gente tinha que se virar para conseguir a verba para poder continuar andando de SKATE."
O que você achou do sk8 nas olimpíadas?
"Eu achei o máximo o SK8 nas olimpíadas sabe, Rayssa Leal e o Kelvin na categoria street e, no park, Pedro Barros, Luisinho e companhia limitada representaram tão bem o skateboarding do nosso país que todos nós ficamos muito orgulhosos. O skate nas olimpíadas mostrou para todo mundo uma verdadeira lição de vida, o mundo conheceu o único esporte que consegue integrar todos os participantes em um mesmo pensamento em comum; uma mistura única de técnica, humildade, amor ao próximo e perseverança! Essa foi a mensagem que o esporte que eu sempre amei acabou dando para todo o planeta Terra nessas Olimpíadas no Japão."
E o nosso aluno Jaime monteiro do 2° ETIM Automação, que também anda de skate, respondeu algumas perguntas.
Como você se interessou pelo sk8?
"Sempre convivi com pessoas que praticavam ou já haviam praticado o esporte e, há algum tempo, amigos próximos começaram a praticar também, então comecei junto."
O que é o sk8 para você?
"O skate sempre representou mais do que um esporte, o skate é um estilo de vida e uma forma de tratar as pessoas ao seu redor. Um exemplo disso é a comunidade que o acompanha, é bem diferente da comunidade dos demais esportes. A comunidade do skate é uma comunidade onde a grande maioria preza pela empatia e pelo respeito, sempre incentivando e ensinando os iniciantes.
No skate, também, sempre que alguém precisa de algo (alguma peça de skate ou até mesmo tênis para andar); quem tem sobrando, doa, ajudando sempre o próximo da forma que puder."
Você já anda de sk8 a quanto tempo?
"Há um ano e dois meses"
Como era o cenário na época em que você começou a andar? "Mesmo não fazendo parte das olimpíadas, era um cenário bem construído e sólido, tendo vários campeonatos importante como o "X-games" e a "Street League"."
O sk8 mudou a sua vida?
"Com certeza, mudei bastante por conta do skate, conheci muitas pessoas dentro do esporte, uma nova forma de pensar em relação a maneira de tratar as pessoas e a maneira que me visto. Então o skate mudou minha vida de forma considerável."
Quais foram as suas dificuldades com o sk8?
"Uma das dificuldades de começar no skate é o preço das peças que estão bem elevadas, então, pra mim, investir mais de 600 reais em um esporte no qual não tinha certeza se iria continuar parecia um tanto quanto arriscado. Outra dificuldade foi o próprio aprendizado, que é lento, então se não houver foco, força de vontade e incentivo por parte de amigos e colegas fica bem difícil continuar no esporte. Mas, depois de pegar gosto pelo esporte, é difícil desistir dele."
O que você achou do sk8 nas olimpíadas?
"A entrada do skate nas olimpíadas foi uma coisa muito boa, pois o skate sempre foi um esporte marginalizado por muitas pessoas e, com o skate nas olimpíadas, essa visão, apesar de não completamente, foi bem desconstruída e várias pessoas começaram a ter interesse e a praticar o esporte."
Comparando uma entrevista com a outra podemos ver muita diferença, a diferença do cenário em cada época: um cenário mais antigo e o outro atual, um cenário em que o skate era marginalizado, em uma época em que poucas garotas andavam de skate e que os campeonatos ainda não tinham aquele destaque e atualmente é um esporte olímpico; percebemos que o skate é muito além do que um esporte, foi uma coisa que mudou a vida dos nossos entrevistados, mudando a forma de pensar e o estilo de vida.
Nós podemos perceber que o skate em todo esse tempo evoluiu muito, o estilo de skate, as categorias que existem, e vemos que é um esporte de união, em que todos os competidores torcem uns pelos outros, pessoas que amam a atividade que praticam. Um esporte que em uma época foi visto como algo rebelde, desordem e tudo mais, mas as olimpíadas abriram os nossos olhos, e nos mostraram que o skate é muito mais além de um esporte, é um estilo de vida, é uma paixão.
Daniel Ricci