Preguiça de vocês
Parece que a preguiça não é o que está impedindo o jovem de emitir o título

Esse ano é ano de eleições! Exato, não trocamos somente de Grêmio Estudantil (o que nos deu a oportunidade de experimentar o poder do voto), teremos a chance de trocar de presidente e essa nem é a melhor parte. A melhor parte é a que você poderá exercer seu papel de cidadão (provavelmente) pela primeira vez nas urnas.
Entretanto, um problema surgiu e viralizou nas redes sociais: o número de jovens com título de eleitor diminuiu. Chega aí: nunca, em milênios, uma mera aluna como eu, seria capaz de explicar todos os fatores que causaram esse acontecimento social. Porque é o que é, é um evento social que tem muitas explicações, mas tem. Seria interessantíssimo se vocês consultassem o Marcelo, nosso professor de sociologia.
Eu mesma tentei dar uma de socióloga e fiz uma pesquisa de campo com primeiros e segundos (eles foram importantes) dos três cursos e o resultado foi assíduo: de 19 entrevistados, apenas 2 disseram que emitiram o título, correspondente a aproximadamente 10,53% dos entrevistados. Agora, dos 7,7 milhões de jovens brasileiros que terão 16 ou 17 anos até o dia 2 de outubro, apenas 850 mil emitiram o título, o que corresponde a aproximadamente 11% desses jovens. Em 2018, esse número era de 1,4 milhão de jovens.
Quanto aos entrevistados que disseram não, os motivos não faltaram, mas um, em específico, se destacou. Percebi que eu mesma tive receio ao me aproximar para a pesquisa e eles tiveram receio quando eu me aproximei pelo seguinte motivo: posicionamento político. Não, não davam a mínima para o meu posicionamento, afinal o mesmo nem está em questão, mas tinham medo de que eu cobrasse ou julgasse o deles e essa é a chave que destranca a porta do acontecimento social.
A grande maioria que respondeu "não" justificou que não entendia de política, ou que a considerava chata ou simplesmente não gostava do assunto, ou que era uma escolha que envolvia muita responsabilidade. Isso se dá justamente porque com a mesma facilidade que o jovem julga, ele tem medo de ser julgado. Somos os primeiros a apontar o erro de alguém, mas somos os mais vulneráveis quando os nossos erros são apontados.
Essa polarização acaba desmotivando, o jovem prefere não se comprometer, com medo de que sua decisão seja alvo de críticas, tanto na escola como na família. Esse conflito existe, mas ele não pode ser maior que a vontade de deixar bons líderes nos governos que estão por vir. Lembrando aqui que eu disse bons, não perfeitos. Não busquem a perfeição, vocês não acharão. Busquem candidatos coerentes, que ajam de acordo com uma conduta ética, sejam divulgadores e praticantes da ciência e valorizem o território e o povo brasileiro, principalmente os menos favorecidos.
Exercer papel de cidadão é deixar de apenas falar, apenas julgar e tomar uma atitude. O voto não é a arma, é a munição, é o recurso essencial para que, além do almejo para um futuro melhor, haja o almejo para que esse futuro exista.
Letícia Heloísa