A superação das Paraolimpíadas

10/09/2021

O evento começou no dia 24 de agosto e teve como sede Tóquio, a capital japonesa, que traz uma nova perspectiva do que o esporte é para as pessoas

 O Brasil, nessa paraolimpíada, bateu recorde de ouro, conquistando em terras japonesas a 100° medalha de ouro da história dos jogos paraolímpicos para o Brasil, ficando em 7° lugar no ranking mundial com 72 medalhas, o número exato ganho no Rio 2016.

As paraolimpíadas nasceram com grandes influências da Primeira e Segunda Guerra Mundial, em que, por desconhecimento de métodos de reabilitação para soldados feridos na primeira guerra, houve um excessivo número de mortes devido a tais fatores e, com a segunda guerra, temos uma evolução na medicina e o honroso neurologista, Ludwig Guttmann, que passa a chefiar o hospital Stoke Mandeville, na Inglaterra, e a desenvolver uma reabilitação às pessoas com lesões espinhais envolvendo atividades físicas que, além de causar o bem-estar físico, melhora a saúde mental. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada dólar investido no esporte, são economizados 3 dólares em saúde.

Com o passar dos anos, mais modalidades foram incluídas e pessoas com outros tipos de deficiência poderiam participar, dando um caráter internacional e, assim, surgindo as paraolimpíadas, hoje paralelas às olimpíadas.

No dia 24 de agosto, na cerimônia de abertura dos jogos paraolímpicos, a delegação brasileira contou com dois atletas: Evelyn Oliveira e Petrúcio Ferreira, este trouxe uma medalha de ouro e uma de bronze na corrida dos 100m rasos e 400m rasos respectivamente. "Estou emocionado. Já chorei muito, mas foi um choro de alegria. Estar aqui, representando os atletas brasileiros, me deixa muito feliz. Gostaria que todos os outros atletas estivessem aqui, pulando e dançando, pois os brasileiros são os melhores do mundo.", Petrúcio em uma entrevista para o Sportv.

Entretanto, nem tudo são flores e vários atletas paraolímpicos e PcDs (pessoas com deficiência) relatam como ainda e infelizmente o capacitismo está presente em suas vidas. 

O presidente do Comitê Paralímpico, o brasileiro Andrew Parsons, falou em seu discurso na cerimônia de abertura: "As Paraolimpíadas são uma plataforma para mudança, mas [esse momento] a cada quatro anos não é o bastante. Necessitamos fazer a nossa parte todos os dias para sermos inclusivos".

E ser inclusivo não é endeusar os atletas. Em uma rede social a velocista Verônica Hipólito disse: "'Que superação, você é uma inspiração' Falar que sou uma inspiração por eu ser muito boa em algo é ok, mas quando essa frase é colocada simplesmente pela pessoa ter deficiência, ela é capacitista."

Segundo Mariana Torquato em uma entrevista para a BBC, criadora do canal "Vai uma mãozinha aí?", maior canal sobre deficiência do Brasil, "O capacitismo é um preconceito que se disfarça de cuidado, admiração, inspiração e elogio".

A inclusão se trata, principalmente, de acessibilidade. Ana Clara Moniz, também para a BBC, ativista e estudante de jornalismo relata como é importante a presença de PcDs em escolas regulares e como isso impacta na acessibilidade do futuro. "Os amigos que estudaram comigo, hoje são, por exemplo, engenheiros que pensam em acessibilidade porque viveram comigo vários momentos, como em excursão de escola que eu não conseguia participar porque chegava lá e não conseguia entrar nos lugares porque não tinha escada e todo mundo ficava muito indignado com isso. Quando a gente não tem esse contato, muitas vezes a gente deixa isso passar."

Parabenizemos nossos atletas paralímpicos pelo que eles são: atletas. Treinaram para isso e merecem ser reconhecidos por suas habilidades como qualquer outro atleta sem deficiência seria reconhecido.

Nessa paraolimpíada, encerrada no dia 5 de setembro com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes para o Brasil, fizemos história e aprendemos muito. Que exista, mas apenas esta exista, a superação de estigmas, a superação do capacitismo e a superação de preconceitos que nos impedem de prosperar e encontrar novos atletas, como esses tão queridos, que nos mantém desde 2008 nos 10 melhores dos rankings mundiais paraolímpicos, enchendo a nação brasileira de orgulho.

Letícia Heloísa

O De Assis Jornal
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